segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A pior invenção do ser humano...

Quando cursei o segundo grau técnico em informática, atualmente chamado de ensino médio, estudei com um professor de História chamado Josué que numa de suas aulas nos perguntou o seguinte: “qual foi a pior invenção do ser humano”.

Todos nós apresentamos várias invenções como: a bomba atômica, o revolver e outras armas de fogo, cadeira elétrica, gilhotina, etc, etc, quase sempre invenções ligadas à morte e a destruição.

Para nossa surpresa o professor Josué nos disse que a pior invenção do ser humano havia sido a “cerca”. Ficamos todos calados, decepcionados, com a idéia de que a simples “cerca que separa os quintais” poderia ser considera a pior invenção do ser humano.

E então veio a explicação “filosófica” do professor:

O homem em sua origem era um ser nômade que não se fixava na terra e vivia permanentemente mudando de lugar. Não se dedicava à agricultura e frequentemente ignorava fronteiras nacionais na sua busca por melhores lugares.

Com a descoberta e desenvolvimento da agricultura o homen (nômade) muda sua característica de andarílho e passa a se fixar na terra. Esta nova forma de vida, fixada, começa a ser seguida por muitos homens que também passam a se dedicar a agricultura.

Surge então o problema, a necessidade e a solução:

O problema ocorrido foi a mistura das plantações e da terra, que começaram a provocar brigas entre seus “donos” (proprietários). Em função disso, surge a necessidade de organizar “o que era de quem” e “quem era dono do quê”. A solução encontrada (criada) foi a cerca, que organiza a posse e separa os quintais.

Bom, até aqui a “cerca” nos perecia uma ótima invenção. Até que as brigas para organizar e separar as posses começaram a gerar a ambição para possuir as melhores posses...

E assim, o professor Josué foi nos acrescentando argumentos para nos demonstrar a sua visão, sua forma de ver e analisar historicamente a invenção da cerca.

Para resumir a história, a invenção da cerca, segundo o professor Josué, impulcionou a invenção da grande maioria dos instrumentos de defesa e ataque que se tornaram necessários para manter o que se possuia e para possuir cada vez mais novas posses (ampliar os domínios da cerca).

Todas as guerras que já vivenciamos, até os dias de hoje, sempre apresentam o interesse de ampliar os domínios das cercas.

Hoje, as vantagem são outras, as riquezas são outras, as cercas são diferentes, mas no fundo, bem lá no fundo, continuam sendo apenas cercas.

A terra, e as riquezas por ela produzida, são e continuarão sendo muito importantes para os homens. Mas não são mais, a muito tempo, o fator determinante do “poder”.

Muitos paises, cidades, regiões que não possuem riquezas oriundas da terra, muitos que nem possuem grandes extensões de terra são ricos e poderosos. Suas maiores riquezas não estão mais na extensão territórial, mas na capacidade de produção de conhecimento que seus habitantes são capazes de gerar.

Vejamos o caso da Suiça, conforme descrito no livro “Os axiomas de Zurique”:

(“Vejam o quebra-cabeça que é a Suiça. (...) é um lugar pedrento, com uma área menor que a do estado do Rio de Janeiro. Não tem um centímetro de litorial. É umas das terras mais pobres em minerais que se conhece. Não tem uma gota de petróleo que possa chamar de sua, e mal consegue um saco de carvão. Quanto a agricultura, o clima e a topografia são inóspitos a quase tudo.

Há trezentos anos a Suiça fica fora das guerras européias, principalmente porque, nesse tempo todo, não apareceu um invasor que realmente a quisesse.

Com tudo isso, os suiços estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Em renda per capita, comparam-se aos americanos, alemães e japoneses. Sua moeda é das mais fortes do mundo.

Como conseguem isso?

Conseguem-no porque são os investidores, especuladores e jogadores mais espertos do mundo.”).


Nessa nova “sociedade do conhecimento” a cerca protetora e suas “armas” e mecanismos de proteção parecem perder potencialidade como guardiã dessa “nova” riqueza da humanidade, o Conhecimento.

Então, como cercar o conhecimento?, como países e empresas podem continuar mantendo essa riqueza protegida? Como negociá-la?, Como vendê-la?, Será que essa riqueza, o conhecimento, deve e/ou pode ser guardado, limitado? Será?

Talvez esse seja o maior desafio e a maior oportunidade que teremos daqui para frente...